No dia 31 de julho último, o Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou mais uma lista de países considerados patrocinadores do terrorismo, incluindo entre estes Cuba.
Há três décadas, os governos de turno que ocupam a Casa Branca persistem nesta prática nefasta. Com isso, tentam legitimar o cruel bloqueio que impõe ao país caribenho há meio século.
Usando a calúnia como bandeira, o imperialismo estadunidense tem, com documentos fajutos como este, um pretexto para intensificar ainda mais este bloqueio, com o qual busca estrangular economicamente o país e assim liquidar a Revolução.
Alguns outros países, que se opõem à orientação retrógrada dos Estados Unidos e aos seus planos hegemonistas, também têm sido apontados intermitentemente nas listas elaboradas pelo Departamento de Estado com a assessoria da Cia e do Pentágono: Entre estes, a Líbia, o Iraque, a República Popular Democrática da Coreia e a Síria.
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos introduziram um novo conceito. O país do Tio Sam passou a falar da existência do “eixo do mal”. De acordo com as conveniências de Washington, a lista se ampliava. No auge da ofensiva militarista do governo de George W. Bush [2001-2008], chegou-se a falar da existência de cerca de 60 países “terroristas” ou “patrocinadores do terrorismo”. Foram catalogadas também organizações políticas insurgentes.
O Departamento de Estado, hoje sob a titularidade da senhora Hillary Clinton, maneja também listas de países que segundo os critérios arbitrários e unilaterais dos Estados Unidos, “violam os direitos humanos” e estão sujeitos à punição do que chamam “comunidade internacional”.
Neste caso, a lista é muito mais ampla e inclui, além dos designados como patrocinadores do terrorismo, países como a China, a Rússia, a Bielorrússia, o Irã e a Venezuela, entre outros.
De todos os ângulos que se analise, a atitude do governo estadunidense sobre Cuba é um anacronismo. Até mesmo a justificativa apresentada para incluir o país entre os patrocinadores do terrorismo é frágil dentro do próprio raciocínio de quem a elaborou. A acusação que pesa sobre a maior das Antilhas é a suposta falta de medidas no sistema bancário para enfrentar a lavagem de dinheiro e transações financeiras vinculadas ao terrorismo.
A fragilidade da posição norte-americana é tamanha que muitas personalidades e organizações que não podem ser consideradas favoráveis ao sistema político cubano têm pedido ao governo dos Estados para reconsiderar a posição. Artigo publicado nesta quinta-feira (9) na página da agência noticiosa cubana Prensa Latina informa que em dezembro de 2011, as organizações não governamentais norte-americanas Grupo de Trabalho sobre a América Latina e o Centro de Política Internacional exigiram ao Departamento de Estado que Cuba fosse retirada da lista de países terroristas.
Em março passado, o general John Adams, ex-representante militar dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e David W. Jones assinaram um artigo publicado no jornal The Hill, em que pedem à Casa Branca para retirar Cuba da lista e pôr fim a sua política em face do país caribenho, por eles designada como “contraproducente”. Os autores chegam ao ponto de afirmar que essa política solapa os esforços de Washington em sua “luta contra o terrorismo”.
Em maio, membros do grupo de trabalho acadêmico Cuba-Estados Unidos, integrado por nove acadêmicos estadunidenses da American University e oito cubanos da Universidade de Havana, também se dirigiram ao governo para reivindicar a retirada de Cuba da indigitada lista.
Um desses acadêmicos, o professor Philip Brenner, da American University, sugeriu que o enfrentamento ao terrorismo poderia ser uma área em que houvesse uma abordagem construtiva entre os dois países.
A lista divulgada em 31 de julho provocou outras enfáticas reações nos Estados Unidos. O professor cubano-americano Arturo López-Levy, pesquisador associado da Escola de Estudos Internacionais Josef Korbel, da Universidade de Denver, declarou que incluir Cuba na lista é uma demonstração a mais de que a política norte-americana para com esse país é um cemitério da ética e das estratégias racionais.
Na própria cidade de Miami, valhacouto de terroristas de origem cubana que cooperam com o governo dos Estados Unidios para desestabilizar a Ilha, surgiram reações. Elena Freyre, presidenta da Fundação pela Normalização das Relações entre Estados Unidos e Cuba qualificou de vergonhoso e hipócrita incluir Cuba nesta lista do Departamento de Estado.
A lista supostamente antiterrorista dos Estados Unidos é motivo de preocupação para todas as nações e forças políticas que defendem a autodeterminação dos povos e a paz mundial.
Afinal, em nome do combate ao terrorismo e da defesa dos direitos
humanos, o imperialismo estadunidense tem cometido muitas atrocidades e perpetrado
guerras de agressão. Nos tempos recentes, foi assim na antiga Iugoslávia, no Afeganistão,
Iraque e Líbia. É com os mesmos pretextos que prepara afanosamente a guerra
contra a Síria, submete a forte pressão o Irã e demonstra que não renuncia à
sua política intervencionista na América Latina, pondo na alça de mira países
anti-imperialistas como a Venezuela e a Bolívia.
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