A humanidade atravessa
um momento crucial em sua existência, caracterizado por terríveis paradoxos.
Jamais em toda a história foram tamanhas as possibilidades de desenvolvimento
econômico, progresso social, justiça, igualdade e paz.
Por outro lado, são
avassaladoras as ameaças à própria vida do ser humano no planeta. Uma crise
estrutural e sistêmica do capitalismo liquida conquistas obtidas com sangue,
suor e lágrimas pelos que tiram seu sustento do trabalho.
Os anos recentes foram
marcados por muitas ilusões de que os governos burgueses – conservadores ou
social-democratas – seriam capazes de encontrar soluções virtuosas para os
impasses do capitalismo e abrir uma nova era de desenvolvimento. O ex-presidente
dos Estados Unidos, Bill Clinton, inebriado com passageiros indicadores
econômicos positivos, chegou a vaticinar a superação das leis econômicas
objetivas descobertas por Marx.
Acadêmicos pretensiosos
e escribas social-democratas urdiram a fábula da restauração da liderança
econômica estadunidense. Predispostos, renderam-se fascinados ao mito e
cuidaram de desmoralizar as proposições de rupturas revolucionárias como
delírios catastrofistas. Confundindo defensiva estratégica com adaptação à “ordem”
do “fim da História”, rebaixaram a estratégia da esquerda a uma gradual “superação
do capitalismo”.
A realidade se impôs de
maneira dramática, com o prolongamento da crise estrutural e sistêmica, para a
qual o repertório de medidas chamadas “anticíclicas” dos governos a serviço dos
monopólios do capital financeiro revelou-se inteiramente inócuo. Há muita
retórica, pacotes supostamente voltados para a recuperação econômica e a
solução dos problemas sociais, teorizações vazias e confusas e até a tentativa
de ressuscitar antigos paradigmas.
Sobre esta base,
germinam e se desenvolvem os conflitos políticos, reveladores das principais características
do sistema político dominado pela burguesia monopolista-financeira e pelas
potências imperialistas. Cada vez mais, como constatara Lênin há um século, este
tende ao reacionarismo e à guerra.
Crescem como nunca,
independentemente de quem ocupa os governos de turno nas grandes potências que
dominam o mundo, as tendências antidemocráticas, a criminalização e repressão
às lutas sociais, o militarismo e o belicismo. As armas nucleares, os pactos
agressivos como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), as bases
militares espalhadas pelo mundo fazem parte desta tendência.
Há uma escalada de pressões,
ingerências e ameaças de agressão a vários países que lutam para se afirmar
como Estados soberanos. No alvo da
ofensiva imperialista estão os países do Oriente Médio, como a Síria e o Irã,
obstáculos que o imperialismo estadunidense e seus aliados pretendem remover para
executar seu antigo plano de domínio da região, estratégica do ponto de vista
econômico e geopolítico para forças que ambicionam o domínio do mundo.
Na Ásia, a potência
estadunidense desenvolve um jogo estratégico de longo prazo, tendo como alvo a
China. De imediato, reorienta sua estratégia militar para a região, ao tempo em
que tenta aniquilar a Coreia Popular.
Na América Latina, o
imperialismo atua para isolar, estrangular e derrotar as experiências
revolucionárias. No seu alvo estão Cuba e Venezuela, prioritariamente. O
imperialismo estadunidense não aceita o fim da era do pan-americanismo sob sua
hegemonia e tudo fará para impedir que na região um dia chamada de Nossa América
pelo líder independentista cubano José Martí, forme-se um novo polo geopolítico
soberano e progressista.
No
lado oposto, a resistência e a luta dos povos evoluem, ainda que acidentadamente,
com altos e baixos, avanços e recuos, na maioria das vezes contornando
obstáculos aparentemente intransponíveis e percorrendo ínvias encruzilhadas.
O
imperialismo exibe força descomunal e a cada momento convence os povos do seu poder
de destruição. Mas não consegue retirá-los da luta, nem abater sua Resistência.
É poderoso, mas não é capaz de impor sua vontade, mesmo que pela força. Não é
invencível, pode ser derrotado.
No
processo da luta, as forças do progresso social, da democracia popular, do
socialismo formarão suas convicções, alcançarão níveis de organização e
mobilização, acumularão os fatores favoráveis a abrir nova época histórica. O
importante é não capitular, resistir e lutar, lutar e resistir. Nas condições
atuais do mundo, resistir já é vencer.
Este
blog será um espaço de debate e interação com todos aqueles que se dedicam à Resistência
e confiam em que é possível abrir e percorrer os caminhos que levarão à
emancipação da humanidade.
Como sempre você está atento às necessidades do processo da construção de um mundo diferente, o "outro mundo possível" conforme nosso saudoso Saramago, que, certamente aprendeu isso com Marx. O mundo está confuso, esse novo momento "líquido" em que o capitalismo tenta se mostrar melhorado, em que procura-se colocar as esperanças em melhoras do sistema, economia verde, enfim.
ResponderExcluirÉ, de fato, uma iniciativa louvável esta. Não é que discutirmos possa estar no lugar da atuação prática na sociedade, em movimentos sociais ou nos próprios partidos, mas é que perdidos (presente, estou perdida!) não podemos avaliar em que prática estar. Um abraço.