“Estamos
enfrentando uma crise no mundo e o Brasil sabe, porque tem os pés no chão, que
pode e vai enfrentar a crise e passar por cima dela, assegurando emprego para
todos os brasileiros”, afirmou, ressaltando que o governo tem priorizado
medidas destinadas a setores capazes de incentivar a economia. “O que o meu governo vai fazer é assegurar
empregos para aquela parte da população que é mais frágil, não tem direito a
estabilidade, porque esteve muitas vezes desempregada”. As afirmações foram
feitas em cerimônia de ampliação do Programa Brasil Sorridente, em Rio Pardo de
Minas (MG).
Mais de 350
mil funcionários públicos estão em greve em todo o país. Os ânimos estão
exaltados do lado das autoridades e de setores do movimento sindical. As
relações entre as partes nunca estiveram tão deterioradas, ao ponto de a
Central Única dos Trabalhadores e outros cinco sindicatos de servidores
públicos terem decidido representar contra o governo na Organização
Internacional do Trabalho (OIT). A representação acusa o governo de atitudes
antissindicais.
A
presidenta da República com certeza sabe o que diz e não há a menor sombra de
dúvidas de que o que ela pretende assegurar é o melhor para o país. Conta com o
crédito da população que a sufragou maciçamente nas eleições presidenciais e
lhe confere elevados índices de aprovação.
Mas é
preciso dizer que há muitos erros na postura do governo. Primeiramente, ao
determinar o corte do ponto dos grevistas e decretar que os servidores públicos
federais paralisados sejam substituídos por funcionários estaduais ou
municipais equivalentes, o governo federal desrespeita o direito de greve e dá
uma demonstração de intolerância.
É
indispensável uma postura democrática e um diálogo efetivo. De nada adianta
enviar ministros ou funcionários subalternos para negociar com os grevistas se
eles repetem monocordicamente o argumento de que as finanças públicas não
suportam o atendimento das reivindicações salariais.
Em segundo lugar, a
austeridade fiscal não é argumento para ignorar as reivindicações salariais do
funcionalismo. Se há um aspecto condenável na política macroeconômica vigente é
precisamente o arrocho fiscal, porquanto o objetivo precípuo ao adotá-lo é
assegurar os ganhos obtidos pelos credores do Estado na ciranda financeira.
Outros
argumentos e outras posturas poderiam sensibilizar mais os trabalhadores em
greve e o movimento sindical do setor público. Estes sabem que as defasagens
salariais estão acumuladas há muitos anos e são uma herança maldita do governo
neoliberal, conservador e fiscalista de Fernando Henrique Cardoso. Com certeza
terão espírito público e sensibilidade para negociar.
Até porque, a õpção por governos "de esquerda", penso, era jusamente para mudar os rumos do país e o tratamento com a coisa pública, inclusive o funcionalismo.
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